sexta-feira, 9 de abril de 2010

Tototó

A partir da chegada dos portugueses nas terras de Sergipe d'El Rey, em 1590, as canoas produzidas na ilha de Santa Luzia já cruzavam a barra do Cotinguiba, atual rio Sergipe, transportando mercadorias entre os pequenos povoados existentes na região. Essas canoas, ora movidas a remo e mais adiante no tempo também movidas a vela tinham naquela época a missão principal de movimentar cargas entre as duas margens do rio, o que na época durava algo em torno de meia hora a quarenta minutos dependendo das condições da corrente.
Com a fundação da nova capital,Aracaju, a partir de 1855, esse fluxo de mercadorias e de pessoas tende a se intensificar e essas embarcações vão aumentando de tamanho. Inicialmente eram mesmo pequenas canoas, que enfrentavam as intempéries (chuvas, ventos, sol escaldante, etc).
Em meados do século XX, com a capital em expansão e já consolidada como a principal cidade do estado de Sergipe, as canoas vão se modificando. Aumentando sua extensão mas ainda a descoberto, misturando em sua travessia passageiros e carga. Parte da produção de coco, melancia, palha de coqueiro, enfim a produção da ilha que era comercializada na capital. Nessa época, essas canoas recebem os primeiros motores, movidos a gasolina, e o barulho provocado por esses motores quando em movimento, vieram dar às canoas a denominação que tem até os tempos atuais – tó tó tós.
Essas embarcações foram confeccionadas na ilha de Santa Luzia por marceneiros e carpinteiros da própria ilha a partir das encomendas de barqueiros que antes utilizavam as pequenas canoas.

Na década de noventa do sec. XX, foi criada a Associação dos Barqueiros de Tótótos do Rio Sergipe. A ideia era dar uma organização melhor ao transporte de passageiros entre as duas cidades.

Nessa época o numero de embarcações ligadas a associação era de 24 que transportavam em média 400 passageiros por dia, revezando-se, ou seja, um dia trabalhavam 12 e no dia seguinte as outras doze, como ainda funciona atualmente.

A chegada da ponte Construtor João Alves em setembro de 2006, pegou os condutores de tó tó tós de surpresa. Eles não imaginavam que junto com a ponte viriam outras modalidades de transporte de passageiros para concorrerem com o meio marítimo já a muito consolidado. Ônibus urbanos, táxis lotação, moto taxis, vieram tirar dos tótótós a quase primazia no transporte de passageiros pelo rio, considerando que as barcas administradas pelo Grupo H Dantas, durante décadas dividiram essa tarefa com elas, tanto na travessia Aracaju Barra dos Coqueiros quanto no acesso à praia da Atalaia Nova, próximo à foz do rio Sergipe. Essa concorrência fez o numero de passageiros cair vertiginosamente para essas embarcações. Segundo o presidente da Associação dos Barqueiros do rio Sergipe, sr. José Pedro, atualmente os tótótós transportam diariamente em torno de 80 a 100 passageiros, com a passagem custando R$ 1,00. Na média, os tótótós tem uma capacidade de 50 pessoas. Eventualmente, os barqueiros nos dias de folga fazem serviços outros de deslocamento de passageiros e pequenas cargas para municípios próximos da capital, tais como: Laranjeiras, Santo Amaro da Brotas, N S do Socorro.

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